Premium e saudável, a demanda por leite de camelo aumenta

Premium e saudável, a demanda por leite de camelo aumenta

04 de abril, 2023

Um alimento saudável e até associado a poderes míticos de cura. É assim que o leite de camelo tem sido visto em regiões do Oriente Médio e da Ásia. Assim disse a consultora de alimentos Dalal AlGhawas. Nascida no Kuwait, ela é a fundadora e CEO da SWAPAC T&C, uma empresa de comércio e consultoria agroalimentar focada em segurança alimentar no GCC e na Ásia-Pacífico. GCC significa Conselho de Cooperação do Golfo, que compreende Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Em entrevista à Agência de Notícias Brasil-Arábia Saudita (ANBA), AlGhawas focou nas tendências do setor de bebidas, que ela acompanhou nos últimos anos. Uma delas é o consumo do leite de camelo cru e como ingrediente na indústria de laticínios.

A demanda global por leite de camelo, principalmente do mercado chinês e europeu, encorajou os países criadores de camelos a aumentar sua produção de leite. No entanto, o produto ainda é considerado premium devido à sua raridade.

AlGhawas mencionou como os estudos ajudaram a colocar o produto na seção de alimentos saudáveis. “Temos o que chamamos de tecnologia do deserto. O interessante é que nos últimos cinco anos, os Emirados Árabes Unidos fizeram muitas pesquisas sobre camelos”, disse ela.

Uma pesquisa realizada pelo país árabe com o Central Veterinary Research Laboratory buscou desenvolver a produção e diversificar o leite de camelo em diferentes categorias de produtos, como sorvete e ghee (manteiga clarificada).

AlGhawas disse que o leite de camelo tem 50% menos gordura do que o leite de vaca. “Na China, eles veem o leite de camelo como um remédio. Isso porque é mais imunológico do que o leite de outros animais, quase tanto quanto o leite humano”, disse AlGhawas.

Menos lactose

Uma equipe da Universidade dos Emirados Árabes Unidos trabalhou com leite de camelo. Estudos mostram que as proteínas e peptídeos do produto têm propriedades antioxidantes que são boas para o intestino, são ricas em nutrientes e demonstraram reduzir os níveis de colesterol. O produto também tem mostrado bons resultados quando consumido por pessoas intolerantes à lactose, pois contém menos lactose do que o leite de vaca.

Embora os pesquisadores tenham notado que a razão pela qual o leite de camelo tem esses benefícios ainda não está clara, a consultora acredita que há um fator regional. “Você tem muitas marcas adicionando laticínios à culinária. E agora todo mundo é intolerante à lactose....Se você for aos países árabes do Mediterrâneo como Síria, Líbano, Palestina, Jordânia, como essa população é uma mistura que inclui raízes europeias, eles estão mais adaptados para consumir laticínios de estilo europeu. Mas, se você for mais para o sul dessa região, se tiver ascendência africana ou indiana, o leite de camelo ou de outros animais dessas regiões pode ser mais tolerável para você”, disse ela.

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“Temos um grande caldeirão [populacional]. Por isso dizemos que em termos de desejo de consumo, quase todo mundo busca algo sem lactose”, destaca a consultora.

Fazenda de Camelos em Dubai

Durante a maior feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, a Gulfood, AlGhawas destacou inovações de empresas como a Bakarat, fornecedora de produtos in natura dos Emirados Árabes Unidos, que inclui um smoothie de leite de camelo em sua linha. Outra marca local, a Camelicious, fabrica chocolate com leite de camelo, enquanto a Camelait faz uma mistura instantânea de café com leite.

AlGhawas acredita que o mercado dos Emirados Árabes Unidos tem uma segmentação muito diversificada em laticínios e leva em consideração alergias e intolerâncias. No entanto, uma das coisas que paira sobre o setor é como o país e a região do Golfo podem desenvolver uma indústria capaz de atender à demanda crescente. “Quando você olha para o mercado, o leite de camelo ainda é muito premium. Como você pode torná-lo mais popular, mais acessível? Porque ainda é muito caro agora. Mas, bom, isso vem depois”, concluiu.

 

 Fonte: ANBA

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