As consecutivas valorizações do milho neste ano – com o cereal sendo negociado a preço recorde real – têm criado um cenário de alerta ao produtor leiteiro, que já enfrenta 3 meses de queda na receita (no primeiro trimestre, o valor do leite pago ao produto caiu quase 10%). Neste contexto, dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançadas em Economia Aplicada - da USP) mostram que a relação de troca leite/milho é a mais desfavorável em 10 anos.

Em março, o produtor precisou de 47,21 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, 11,93% a mais do que em fevereiro. Foi, também, o terceiro mês consecutivo de piora na relação de troca e o momento mais desfavorável ao produtor leiteiro desde janeiro de 2011.

Segundo levantamento do CEPEA, preocupados com os possíveis impactos do clima sobre a produção da segunda safra, os produtores de milho estão limitando as vendas no spot nacional. Em março, o cereal teve média de R$ 91,51/saca de 60 kg (Indicador ESALQ/BM&FBovespa), avanço de 9,08% em relação a fevereiro/21 e um recorde da série histórica do CEPEA, iniciada em 2004.

Custo Operacional Efetivo

Com alta de 1,86% em março, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira fechou o primeiro trimestre de 2021 com elevação acumulada de 7,24%, considerando-se a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP).

Pelo segundo mês seguido, os fatores que mais influenciaram o avanço dos custos foram os adubos e corretivos – que se valorizaram expressivos 12,86% em março – superando, portanto, a já intensa alta registrada em fevereiro, de 6,02%. Diante disso, o aumento nos valores dos adubos e corretivos na parcial de 2021 (até março) é de significativos 21,32%.

O movimento de elevação nos preços dos adubos e corretivos, por sua vez, se deve aos altos valores pagos para aquisição de matéria-prima para a fabricação destes insumos, tendo em vista o dólar bastante valorizado frente ao real. No primeiro trimestre, a moeda norte-americana registrou valorização de 7,85%. Além disso, o aumento dos preços do frete – devido à forte demanda para o escoamento da safra de grãos – também encarece os custos de transportes de fertilizantes, influenciando as cotações dos adubos e corretivos.

Fonte: CEPEA / Boletim do Leite – Abril 21