Pecuária de leite vive incertezas quanto ao preço de insumos

Pecuária de leite vive incertezas quanto ao preço de insumos

16 de julho, 2021

O custo dos concentrados tem apresentado forte elevação internacional. A mistura concentrada (milho + farelo de soja na relação de 70% e 30%) chegou a US$ 0,34 por kg em maio, uma elevação de 51,4% em relação a média de 2018-2020.

Considerando que milho e soja são cotados em dólar, a cotação atual da moeda americana no Brasil não alivia o problema. O dólar chegou a ficar abaixo dos R$ 5,00 em junho, abrindo uma janela interessante para compra, mas retornou ao patamar anterior, encarecendo novamente os insumos. Dados do ICPLeite (Índice de Custo de Produção de Leite da Embrapa) apontam que, em junho, a compra e produção de volumosos apresentou uma variação de 7% e a alimentação concentrada de 3,85%.

Alimentar o rebanho está mais caro

O ICPLeite contabilizou uma alta de 39%, nos últimos 12 meses finalizados em junho, mas o concentrado subiu 68%. “Para agravar a situação, a falta de chuva no Centro-Sul do país comprometeu a produção do milho safrinha”, diz o pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho. Ele demonstra preocupação com a alta significativa e diz não ver perspectivas de os custos de produção começarem a cair. “Além do atraso no plantio da safra de grãos e das poucas chuvas, mais recentemente, geadas em importantes regiões produtoras de milho safrinha afetaram a oferta”.

A alta nos custos – além de pressionar as margens de lucro do produtor, prejudicando a produção de leite – encarece os preços dos produtos lácteos, que naturalmente apresentam cotações mais elevadas na entressafra. No mercado atacadista, o leite UHT estava sendo vendido a R$ 3,55, na primeira quinzena de junho. O queijo muçarela chegou a ser cotado a R$ 27,81.

“Após os preços registrarem alta no atacado, o mercado perdeu força nos últimos dias, mas ainda há uma sustentação em função da entressafra, que termina em agosto/setembro”, diz o pesquisador. De todo modo o cenário é de cautela, devido às incertezas sobre a demanda e o aperto nas margens do produtor e da indústria.

E quanto ao produtor?

O analista Denis Rocha diz que as margens de lucro continuam apertadas, mas houve uma melhoria no último mês. Em junho, o produtor recebeu R$ 2,20 (em média) pelo litro de leite, com registro de altas consecutivas desde abril. “Essa tendência de alta é explicada pela menor disponibilidade do produto no mercado atacadista, devido à entressafra, o alto custo de produção e a menor entrada de leite via importações”, explica Rocha.

O analista lembra, no entanto, que nesse mesmo período do ano passado, o governo pagava um valor maior de auxílio emergencial, devido à pandemia, o que acabou elevando o consumo e aumentando o preço dos produtos, garantindo uma melhor margem de lucro para o setor produtivo naquele momento. O momento atual, segundo Rocha, é mais complexo devido às altas taxas de desemprego, embora o mercado de trabalho siga em recuperação devido ao arrefecimento da pandemia.

Carvalho vê com otimismo o cenário macroeconômico do pais: “Os investimentos no PIB do primeiro trimestre vieram bons e o consumo das famílias está em recuperação”.  O pesquisador ainda afirma que apesar do fraco desempenho no mercado de trabalho, os indicadores de rendimento tendem a ser melhores neste segundo semestre, causando um impacto positivo no setor.

A pesquisadora Kennya Siqueira, por sua vez, constata que o comércio, de modo geral, apresentou uma melhora, com o consumo domiciliar voltando aos níveis pré-pandemia. “Ainda há um consumo reprimido muito grande, que o comércio vem absorvendo aos poucos. Ela ainda acredita que a volta do movimento nos restaurantes poderá contribuir para a elevação do consumo de lácteos.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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