Embrapa: ano começa agitado no leite

Embrapa: ano começa agitado no leite

17 de janeiro, 2022

O ano de 2022 começa bastante agitado no Brasil. Os casos de Covid cresceram com a variante Omicron, mais transmissível. No início de janeiro, registrou-se um volume bastante elevado de chuvas no Sudeste e forte seca, com altas temperaturas, no Sul do Brasil.

No mercado de leite, a questão climática tem tido um impacto bastante acentuado nos últimos anos, com reflexo negativo nas safras de grãos, pastagens e produção de silagem. A presença do fenômeno "La Nina" no final de 2021 e início de 2022 tem causado chuvas irregulares e estiagens prolongadas no Sul do Brasil.

Após um plantio de grãos da safra 2021/2022 dentro da normalidade, a seca chegou na região Sul nos meses de novembro e dezembro, trazendo perdas no desenvolvimento das plantas e deterioração na previsão de safra. Na primeira quinzena de janeiro, uma massa de calor gerou anomalias de temperaturas também na região e os preços de milho e soja voltaram a subir como reflexo destes eventos climáticos, os quais atingiram também a Argentina. Um outro impacto da seca refere-se a piora na condição das pastagens e na produção de silagem.

Esse cenário, que limita a oferta de leite, vem se somando a baixa disponibilidade do produto observada no segundo semestre de 2021, em função de uma piora na rentabilidade (figura abaixo). No Sudeste, a queda de produção no terceiro trimestre de 2021 ante o mesmo trimestre de 2020 foi de 9,6%. No Centro-Oeste, esse recuo foi de 6,1%. Isso ilustra o fato de que muitos produtores têm deixado a atividade e outros reduziram a produção. Basicamente, observa-se uma maior dificuldade dos produtores menores, que possuem baixa bonificação por volume e rentabilidade comprometida. Aqueles que tocam a atividade com suas famílias são mais resilientes. Mas, para os que dependem de mão de obra contratada, o desafio tem sido maior.

 

Mas, o que isso traz em termos de perspectivas? Esse ajuste negativo na oferta tende a gerar uma entressafra ainda mais enxuta. Além disso, a combinação de câmbio desvalorizado e preço internacional mais alto deve manter as importações mais fracas. Portanto, pelo lado da oferta, a tendência é de pouco leite.

Pelo lado da demanda, não se vislumbra grandes mudanças. As previsões de PIB são bem ruins para 2022, com alta prevista de apenas 0,28% de crescimento; ou seja, a renda per capita tende a cair. A inflação deve voltar a patamares mais tranquilos, o que é positivo. Outro fator positivo será a maior abertura do comércio e do mercado institucional de hotéis, escolas e restaurantes. São fatores que ajudam no consumo, porém com impacto moderado.

As principais mudanças são esperadas pelo lado da oferta, da mesma forma que aconteceu em outros setores (como o de carne bovina). Os abates em 2021 registraram recuo de 8% até setembro. Ao comparar com 2019, a queda foi de 15%; ou seja, o setor encolheu e algo parecido está ocorrendo no leite. Um ponto positivo disso para o produtor de leite é que coloca um certo piso nas cotações, sobretudo neste momento de custo mais alto.

Alguns temas além do curto prazo entraram na pauta do setor em nível global e suscitam reflexões. A questão das bebidas alternativas, Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) e leite carbono neutro são opções que começam a ganhar espaço na mesa dos consumidores. No caso das bebidas alternativas, o "potato milk" (bebida a base de batata) tem sido colocado como uma tendência internacional em 2022, que possui características de cálcio e vitaminas melhores que seus antecessores. Uma outra tendência internacional no setor de alimentos trata-se do "Climatarianism", que é o consumidor com foco na pegada de carbono. Nos parece uma questão central no futuro do leite e que precisa ser bem conduzida e as práticas utilizadas pelo setor produtivo, como exemplos de sustentabilidade devem ser devidamente informadas aos consumidores.

 

Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)

Disponível em: www.cileite.com.br/nota_conjuntura_jan_2022

  • Sindilat apoia investigação de dumping no leite

    Sindilat apoia investigação de dumping no leite

    O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS) vê como positiva a decisão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) de abrir investigação da prática de dumping na compra de leite em pó importado. A medida deve contribuir para o equilíbrio do mercado nacional de leite, que vem sofrendo com a compra de produtos importados de países do Prata, muitas vezes por empresas do varejo e atravessadores no atacado. A decisão atende à solicitação feita em agosto dest

  • Gadolando projeta avanços no setor em 2025 com entrada de lei em vigor

    Gadolando projeta avanços no setor em 2025 com entrada de lei em vigor

    Setor leiteiro enfrentou adversidades climáticas e logísticas em 2024, mas projeta melhorias com novas políticas estaduais e fortalecimento da produção local

  • Embrapa: Maior oferta de leite faz preços recuarem

    Embrapa: Maior oferta de leite faz preços recuarem

    Os preços no mercado de leite e derivados registraram desaceleração nas últimas semanas em função da maior oferta de leite neste momento de safra.

  • Jersey: a solução mais lucrativa e sustentável para a pecuária de leite na Austrália

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Jersey: a solução mais lucrativa e sustentável para a pecuária de leite na Austrália

  • Vivianne ataca novamente...neta da Veronica dando show de produção

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Vivianne ataca novamente...neta da Veronica dando show de produção

  • Vierra Dairy Farm: um meteoro que caiu na raça Jersey

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Vierra Dairy Farm: um meteoro que caiu na raça Jersey

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top