CEPEA: Com oferta limitada, preço do leite cru segue em alta

CEPEA: Com oferta limitada, preço do leite cru segue em alta

29 de maio, 2022

O preço do leite captado em março/22 e pago aos produtores em abril/22 atingiu R$ 2,4269/litro na “Média Brasil” líquida, aumentos de 8,4% frente ao mês anterior e de 9,1% em relação ao de março/21, em termos reais. Com isso, a alta acumulada desde o início do ano chega a 9,7% (valores deflacionados pelo IPCA de abril/22). E, de acordo com pesquisas em andamento do CEPEA, a tendência altista deve persistir para o próximo mês, com a valorização do leite captado em abril e pago em maio podendo superar os 5% na Média Brasil.

Essa perspectiva se alinha com o desempenho verificado em abril nos mercados do leite spot (negociado entre indústrias) e de derivados – ressalta-se que esses mercados influenciam o preço do leite captado em abril e pago em maio.

De acordo com a pesquisa do CEPEA/OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), na negociação entre laticínios e canais de distribuição do estado de São Paulo, os preços médios mensais do leite UHT e da muçarela subiram mais de 12% de março para abril e os do leite em pó, quase 7%. Apesar desse avanço mensal, os preços diários destes lácteos oscilaram mais fortemente em abril do que no mês anterior. Agentes consultados pelo CEPEA relataram dificuldades em realizar o repasse da alta da matéria-prima aos canais de distribuição, devido ao baixo consumo de lácteos, que – por sua vez – está desestimulado diante dos elevados patamares de preços.

Por conta da demanda retraída na ponta final da cadeia, o movimento de valorização do leite spot perdeu a força em abril. O levantamento do CEPEA mostra que, em Minas Gerais, o leite spot subiu apenas 0,2% da primeira para a segunda de abril, chegando a R$ 3,02/litro. Contudo, na média mensal, houve aumento de 9%, em termos reais.

A valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que, inclusive, tem intensificado a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do CEPEA caiu 0,5% de fevereiro para março e já acumula recuo de 4,5% desde março/21. A produção de leite segue pressionada por custos de produção em alta e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses – o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante da elevação dos preços ao produtor.

Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado ligeiramente devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Com isso, a margem do produtor seguiu pressionada neste primeiro quadrimestre do ano.

E a oferta interna enxuta é reforçada pela queda nas importações e pelo forte crescimento nas exportações – as vendas externas mais que triplicaram. Esse movimento limitou a disponibilidade interna de leite cru, intensificando a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima.

Maio

As negociações mais truncadas de derivados no final de abril diminuíram a necessidade dos laticínios de comprar leite no spot – o que pressionou as cotações neste mercado na primeira quinzena de maio. O preço em Minas Gerais caiu 1,9%, com a média de R$ 2,96/litro. Porém, com oferta limitada de leite cru no campo e nova redução nos estoques de lácteos, as indústrias voltaram a disputar a compra da matéria-prima e, na segunda quinzena de maio, o spot aumentou 3,4%, atingindo R$ 3,06/ litro. Na média mensal, de R$ 3,01/litro, houve recuo de 0,1% em relação a de abril, em termos reais.

No mercado de derivados, o movimento também foi de avanço, mesmo diante das vendas fracas. A expectativa do setor é de que o preço ao produtor se sustente em junho.

 

 

Fonte: Boletim do Leite - CEPEA

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