Marcelo de Paula Xavier


Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

canaldoleite@terra.com.br

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O que devemos esperar de uma vaca Jersey?

12 de janeiro, 2019

Escrito por Marcelo de Paula Xavier*, M.Sc.

Originária da Ilha de Jersey, no Canal da Mancha,  a Jersey é a vaca de leite mais eficiente entre todas. Devido às qualidades descritas a seguir, ela se encontra espalhada nos 5 continentes e é a raça leiteira que mais cresce em todo o mundo!

1 – ALTA PRECOCIDADE E FERTILIDADE

A novilha Jersey tem seu primeiro parto mais cedo do que qualquer outra novilha leiteira, o que resulta em um custo menor até a primeira parição. Além de sua boa capacidade de reprodução, ela apresenta facilidade de parição e um intervalo menor para voltar a emprenhar após o parto. Isso significa mais lucro para o criador!

2 LONGEVIDADE

No mundo todo, a raça Jersey apresenta uma importante vantagem na duração de sua vida produtiva. Isto significa que o criador de Jersey tem um retorno mais duradouro sobre o seu investimento. A vaca MAINSTREAM JACE SHELLY (EX-91), por exemplo, produziu 184.468 kg de leite, 9.144 kg de gordura e 6.874 kg de proteína, durante sua longa vida produtiva. Sua média diária de produção, em 9 lactações, foi de 42,6 kg de leite, com 4,96% de gordura e 3,73% de proteína. Isto é muito leite e sólidos!

3 – ADAPTABILIDADE

A criação do gado Jersey não tem barreiras climáticas ou geográficas, uma vez que estes animais conseguem prosperar nos mais variados climas e regiões. A tolerância às diversas temperatura, bem como a facilidade de concepção e de parto, faz com a vaca Jersey se adapte perfeitamente a todos os sistemas de produção, nas mais diversas condições. Além disto, a raça apresenta bom desempenho em confinamento ou em sistemas de pastejo.

4 – DOCILIDADE

Entre as raças leiteiras, a vaca Jersey é indubitavelmente a mais dócil, a de menor tamanho, a que melhor se reproduz e a mais longeva. A mansidão da vaca Jersey permite seu manejo até por crianças. Em muitas fazendas de criação de Jersey, o trato dos animais fica a cargo das mulheres e seus filhos.

5 – EFICIÊNCIA ALIMENTAR

A raça Jersey é fisicamente menor e requer menos comida até o primeiro parto. Depois, ela requer menor ingestão de matéria seca para sua manutenção durante a lactação, direcionando mais energia para a produção de leite. Ou seja, a vaca Jersey apresenta uma alta eficiência de conversão alimentar, pois transforma os alimentos consumidos em leite, de maneira eficaz,  produzindo mais por área e/ou por tonelada de forragem. Desta forma, a Jersey consegue produzir mais leite, com um custo menor de alimentação. Isto é eficiência!

6 – RENTABILIDADE

Segundo o New York and Northeast Dairy Herd Improvement Program Summary, no que se refere aos custos de alimentação, o rendimento liquido da produção é 14,18% mais favorável à raça Jersey do que às outras raças leiteiras. A vaca Jersey é uma "máquina" que produz grande quantidade de leite com menos exigência para sua manutenção. Podemos citar como exemplo a vaca recordista mundial MAINSTREAM BARKLY JUBILLE, que produziu 25.215 kg de leite, com 4,6% de gordura e 3,2% de proteína (em sua terceira lactação) o que representou uma média de 69 kg de leite por dia.

7 – QUALIDADE DO LEITE

Na média, o leite Jersey contém 20% mais proteína e 25% mais cálcio (mineral essencial na nutrição humana) do que o leite de outras raças. Além disto, na indústria, o leite de Jersey rende em torno de 20%-25% mais queijo, 30%-35% mais manteiga e 10%-15% mais leite em pó. Quando consumido na forma fluida, tem mais consistência e um gosto mais agradável ao paladar. Assim, os sólidos adicionais encontrados no leite Jersey proporcionam mais nutrição e melhor sabor, tornando-o mais completo e valorizado no mundo todo. Isto significa maior lucro na venda de leite para os criadores de Jersey.

8 – CRUZAMENTOS

A Jersey tem sido criada em estado puro há mais tempo do que qualquer outra raça leiteira. Isto lhe dá uma grande força para transmitir suas qualidades únicas: facilidade de parto, qualidade do leite, performance reprodutiva, precocidade, longevidade e baixa incidência de problemas. Estas características fazem da Jersey uma raça eficiente para cruzamentos com outras raças. Na Índia, por exemplo, ficou comprovado que touros Jersey geraram novilhas mais precoces e produtivas em um programa de cruzamentos com vacas zebuínas. Animais com um tipo leiteiro ideal, pelas qualidades do sistema mamário, que tiveram sua primeira cria mais cedo (dois anos de idade) e com uma produção média maior (15 kg de leite por dia).

9 – PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

A raça Jersey é uma grande aliada da preservação ambiental e da conservação de recursos naturais. Segundo uma pesquisa liderada pela Dra. Jude Capper (Washigton State University), para a produção de queijo com a utilização de leite Jersey (gráfico), obtem-se reduções substanciais no uso da terra (11%) e da água (32%), no consumo de combustíveis fósseis, na quantidade de dejetos (49%) e na liberação de gases de efeito estufa (20%). Isto é facilmente explicado pelas características da raça. A menor massa corporal dos animais Jersey reduz seus custos de manutenção e a maior densidade nutritiva do seu leite dilui os requerimentos com recursos naturais, especialmente a água!

 

Referências:

ACGJB - Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil (www.gadojerseybr.com.br)

AJCA - American Jersey Cattle Association (www.usjersey.com)

J.L. Capper and R.A. Cady, " A comparison of the environmental impact of Jersey compared with Holstein milk for cheese production", J. Dairy Sci. 95: 165-176

 

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*Marcelo de Paula Xavier, formado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com Mestrado em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi presidente da Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil por 2 mandatos consecutivos e atualmente é editor do Canal do Leite.

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