Marcelo de Paula Xavier


Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

canaldoleite@terra.com.br

PUBLICAÇÕES

Por que cruzar com Jersey?

21 de março, 2019

Autor: Marcelo de Paula Xavier*, M.Sc.

 

Uma grande promoção para a raça Jersey vem de produtores que escolhem touros Jersey para acasalar seus rebanhos comerciais de fêmeas holandesas. Eles estão cruzando com Jersey porque querem produzir um leite de melhor qualidade – e de maior valor – vindo de uma vaca mais precoce, que se mantem mais saudável e que emprenha novamente mais cedo. Ou seja, eles estão usando touros Jersey porque a genética Jersey - em última análise - melhora a rentabilidade de suas propriedades.

Por mais de um século, produtores de leite americanos vem fazendo cruzamentos experimentais entre raças. A Associação Americana do Gado Jersey (AJCA), desde sua fundação em 1868, sempre recomendou touros Jersey puros para melhorar o desempenho de vacas cruzadas nos Estados Unidos. E o Jersey sempre desempenhou muito bem, desde o início dos experimentos. 

Já em 1921, na Exposição Nacional do Gado de Leite dos EUA, a AJCA patrocinou uma mostra de animais cruzados, para demonstrar os benefícios de se fazer cruzamentos com o uso de bons touros Jersey. Na mostra, estavam animais cruzados com controle de genealogia do produtor John Geraghy, o qual tinha o rebanho com maior média de produção entre todos com Controle Leiteiro Oficial no Estado de Iowa.

Foi, em todos os sentidos, uma amostra impressionante de como a genética Jersey pode contribuir para o melhoramento genético na pecuária de leite. O rebanho consistia de animais Shorthorn com produção média de 220 libras de gordura. A primeira geração de filhas cruzadas com Jersey apresentou média de 421 libras e, em uma segunda geração, esta média subiu para 544 libras. Demonstração cabal de um argumento bem convincente!

Após a Segunda Guerra Mundial, quando a indústria de laticínios moderna se fortaleceu – com a adoção de precificação por volume-gordura – o gado holandês foi favorecido em âmbito mundial. E, nas três décadas seguintes, dominou a composição genética do rebanho leiteiro americano.

Porém, de acordo com pesquisas do Laboratório de Programas de Melhoramento Animal (AIPL) – corroboradas por dados de vendas de sêmen da NAAB (associação da indústria de inseminação artificial americana) – os cruzamentos vem aumentando muito nos Estados Unidos. O número de animais mestiços dobrou na década de 1980 e os touros Jersey foram mais frequentemente utilizados para os cruzamentos do que qualquer outra raça.

Conforme dados da AJCA, no final dos anos 90, as vacas Jersey representavam 3% do rebanho leiteiro americano. Esta realidade mudou muito e em 2018 as Jersey já eram quase 20% das vacas de leite nos Estados Unidos. Um crescimento de 600% em menos de 20 anos!

Afinal, o que os produtores americanos dizem sobre os motivos de estarem usando Touros Jersey? E o que eles estão ganhando com isto? As razões citadas são, basicamente, as seguintes:

  • Redução dos problemas de parto nas novilhas;
  • Aumento dos níveis de gordura e proteína no leite produzido;
  • Melhora da performance reprodutiva das vacas;
  • Redução dos problemas sanitários nos rebanhos; 
  • Aumento da vida produtiva dos animais;
  • E, com tudo isso, aumento da rentabilidade na produção de leite.

No Brasil, da mesma forma, os touros Jersey são bastante utilizados em cruzamentos. Criada em estado puro há mais tempo no mundo, a raça Jersey imprime uma padronização muito grande em sua progênie e traz inúmeras vantagens para os criadores.

O Professor Dr. Victor Breno Pedrosa (titular do Departamento de Zootecnia da UEPG) afirma que, dentro dos programas de cruzamentos, a raça Jersey tem sido uma “opção bastante interessante porque tem valores genéticos disponíveis, principalmente dos touros comercializados”. Não só no Brasil, como em outros países da América do Sul, América do Norte, Europa e Oceania.

Segundo o professor, “para que nós possamos fazer um bom cruzamento, é sempre importante que nós saibamos quais os valores genéticos dos pais que vão gerar esse cruzamento”.

Ele explica que o cruzamento não pode ser feito de uma forma simplesmente a observar o fenótipo dos animais. É muito importante – para que um cruzamento seja eficiente – que se observe os valores genéticos dos pais. “Ou seja, quando eu estiver selecionando o meu cruzamento – ao utilizar um touro da raça Jersey que tenha avaliação genética – eu já estou dando um passo muito importante para fazer a coisa certa dentro do meu cruzamento”.

A foto acima mostra um grupo de vacas cruzadas primíparas da Fazenda Odyssey (no estado de Nova Iorque - EUA), todas filhas de touros Jersey registrados. A produção de leite desses animais mestiços da Odyssey era igual a de seus contemporâneos HPB. Os teores médios de gordura e proteína, no entanto, eram consideravelmente mais altos (4,33% e 3,29% respectivamente). Em valores de mercado da época (set/98), a diferença líquida no preço teria sido de 2,22 centavos de dólar por libra de leite (4,93 centavos de dólar por quilo).

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*Marcelo de Paula Xavier, formado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, com Mestrado em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi presidente da Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil por 2 mandatos consecutivos e atualmente é editor do Canal do Leite.

 

“Fazendas de Sucesso” Fazendas Reunidas Santo Antônio -TV Jersey #21

 

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