O boom da pecuária de leite nos EUA

O boom da pecuária de leite nos EUA

25 de setembro, 2025

O burburinho no setor leiteiro é palpável nos Estados Unidos: mais leite é necessário e a indústria está respondendo com entusiasmo. Líderes como Michael Dykes, presidente e CEO da International Dairy Foods Association (IDFA), despertaram uma onda de animação com a necessidade de um crescimento sem precedentes no processamento de laticínios.

“Nossos produtores querem crescer e nossos processadores também. Se não estivermos crescendo, se não estivermos olhando para o futuro, seremos superados por outros”, disse Dykes no início deste ano no Fórum de Laticínios da IDFA, em San Antonio.

Esse entusiasmo está se espalhando das salas de reunião para os celeiros, impulsionando um crescimento notável na produção de leite por todo o país.

Líderes do setor ditam o ritmo do crescimento

Com mais de US$ 8 bilhões comprometidos na construção de novas unidades de processamento de laticínios, o setor leiteiro dos EUA abriu as portas para a expansão. Esse compromisso aparece com clareza no mais recente Relatório de Produção de Leite do USDA, que mostra um aumento vigoroso na produção.

Em agosto, os 24 principais estados produtores de leite produziram impressionantes 18,8 bilhões de libras de leite, um avanço de 3,3% em relação ao ano anterior. No total nacional, a produção atingiu 19,5 bilhões de libras, dando um testemunho da produtividade e da eficiência por vaca aprimoradas no setor.

Forças propulsoras 

Phil Plourd, presidente da Ever.Ag Insights, esclarece os fatores em jogo: mais vacas, mais leite e mais impulso estão se desenrolando na pecuária leiteira americana.

“A precificação e as condições de mercado incentivaram produção adicional no início deste ano e, agora, ela está aqui, com força histórica”, afirma. “Como costuma acontecer com a produção na fazenda, provavelmente demorou mais do que alguns pensavam (ou esperavam) para engrenar e, agora, provavelmente demorará mais do que muitos pensam (ou esperam) para desacelerar.”

Segundo Plourd, os sinais de mercado estão mudando, sem dúvida: os valores “em tempo real” da Classe III e da Classe IV* caíram cerca de US$ 2,30 e US$ 3,50 por cwt (cem libras), respectivamente, desde meados de agosto.

“Mas levará algum tempo para os produtores sentirem o impacto nas suas receitas com leite e responderem aos incentivos em evolução”, diz ele. “Além disso, não sabemos ao certo como o aumento da receita com carne bovina influenciará a equação.”

Impacto do Beef-on-Dairy

Um desenvolvimento marcante dentro do setor é o crescimento do mercado de carne bovina de origem da pecuária de leite (beef-on-dairy). Laurence Williams, da Purina, destaca o aumento substancial nos preços dos bezerros cruzados de leite com corte (hoje com média de cerca de US$ 1.400, ante US$ 650 há três anos). Essa tendência abre novas oportunidades de receita para produtores de leite.

Ken McCarty, da McCarty Family Farms, ressalta que a carne bovina proveniente do beef-on-dairy tem elevado a lucratividade e intensificado a seleção genética, contribuindo de forma relevante para a receita da fazenda.

“Isso certamente ajudou a reforçar a lucratividade, ao mesmo tempo em que aprimorou a produtividade e a rentabilidade de longo prazo das nossas fazendas por meio de uma maior intensidade de seleção genética”, diz ele. “Não vemos um risco de queda tremendo nesse mercado tão cedo.”

Daniel Basse, da AgResource Company, também se mostra otimista quanto à lucratividade e à sustentabilidade da carne bovina proveniente do rebanho leiteiro nos EUA nos próximos anos.

Incentivos financeiros e adaptação estratégica

No campo financeiro, o consultor de laticínios Gary Siporski enfatiza que os bezerros cruzados (de beef-on-dairy) têm contribuído para as margens, adicionando de US$ 1 a US$ 2 por cwt (cem libras) em ganhos. Essa nova linha de receita rapidamente se tornou vital para financiar investimentos de capital nas fazendas americanas, criando uma fonte antes subaproveitada.

À medida que o setor evolui em meio a condições de mercado em mudança, a habilidade dos produtores de se manterem informados e se adaptarem estrategicamente será crucial. Com agilidade e proatividade, os produtores podem gerir o crescimento de forma eficaz, preservando a lucratividade.

Em uma era repleta de oportunidades, a indústria de laticínios está pronta para abraçar o futuro: um galão de leite e um bezerro cruzado por vez.

 

*Nota: De forma resumida, nos EUA, as "classes de leite” nas "Ordens Federais" estão descitas a seguir. Para maiores detalhes leia este artigo.

  • Classe I (leite fluido): Leite fluido para beber;
  • Classe II (produtos soft): Sorvete, iogurte, queijo cottage, coalhada;
  • Classe III (queijo e soro): Maioria dos tipos de queijo e soro de leite (whey);
  • Classe IV (manteiga e produtos secos): Manteiga e leite em pó.

 

Fonte: Dairy Herd Management

Disponível em: www.dairyherd.com/news/business/dairy-boom-2025s-year-milk-momentum-and-more

 

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