Os Estados Unidos estão lidando com o pior surto de bicheiras — larvas que se alimentam de carne viva e infestam feridas no gado — em duas décadas. O aumento de casos acendeu o alerta nas autoridades agropecuárias, especialmente no Texas, principal estado produtor de gado do país.

A praga, conhecida como "bicheira-do-Novo Mundo", entrou nos EUA pelo México e, desde 2023, tem causado prejuízos na América Central, atingindo países como Panamá, Costa Rica e Honduras, segundo informações da CNN.

Diante do risco de colapso na indústria pecuária, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou um investimento de até US$ 750 milhões (cerca de R$ 4 bilhões) na construção de uma instalação no Texas para produzir moscas estéreis em laboratório — uma técnica já usada com sucesso no passado para conter a disseminação das larvas.

A nova unidade será construída em uma base aérea na cidade de Edinburg e terá capacidade para produzir 300 milhões de moscas estéreis por semana. Atualmente, a única instalação com essa função está localizada no Panamá e produz 100 milhões de moscas por semana — número insuficiente diante da demanda atual dos EUA, que precisam de aproximadamente 500 milhões de insetos semanalmente.

Além disso, o USDA vai investir mais US$ 100 milhões (cerca de R$ 540 milhões) em tecnologias complementares de combate à bicheira enquanto a fábrica texana está em construção. Parte dos recursos também será destinada à contratação de policiais montados para patrulhar a fronteira, a fim de detectar animais selvagens infectados.

Como medida preventiva, os EUA suspenderam temporariamente as importações de gado do México em julho, o que agravou ainda mais o já baixo nível de fornecimento nacional. Para reforçar a estratégia de contenção, o USDA também está financiando a construção de uma planta de produção de moscas estéreis em território mexicano, prevista para ser inaugurada no próximo ano.

“O risco é real e pode destruir a indústria pecuária”, alertou o governador do Texas, Greg Abbott, em entrevista coletiva.

Fonte: Um Só Planeta