Com oferta elevada, valores do leite seguem pressionados no campo
09 de outubro, 2025
Como esperado pelos agentes do setor, o preço do leite cru seguiu em queda em agosto. De acordo com levantamento do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o leite captado em agosto fechou a R$ 2,5369/litro na “Média Brasil”, com quedas de 3,2% frente a julho/25 e de 12,6% em relação a agosto/24 (em termos reais). Trata-se do quinto mês consecutivo de recuo no valor do leite no campo, já que a oferta se mantém elevada em comparação à demanda. O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu 3,3% de julho para agosto na “Média Brasil”. No acumulado do ano, o ICAP-L cresceu 6,1%.
O aumento na produção tem se mantido de forma consistente desde o ano passado, resultado dos maiores investimentos na atividade, os quais – por sua vez – ocorrem devido às margens mais interessantes desde 2024. Apesar da queda na receita, pesquisas do CEPEA mostram um cenário de custos ainda controlados, com redução de 0,38% no Custo Operacional Efetivo (COE) em agosto. Naquele mês, foram necessários 25,17 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg de milho (3,8% mais que em julho), mas 5,5% abaixo da média dos últimos 12 meses (26,6 litros/saca).
Com o aumento da disponibilidade interna, as importações seguiram em queda em agosto. Foram importados 165,11 milhões de litros em equivalente leite, recuo de 6,73%. De janeiro a agosto de 2025, o volume de lácteos importados (em litros em equivalente leite) caiu cerca de 6,1% sobre o mesmo período de 2024. Ainda assim, somou quase 1,45 bilhão de litros em equivalente leite, patamar considerado elevado pelos agentes do setor e que reforça a pressão sobre os valores praticados no mercado doméstico.
Enquanto a disponibilidade (produção e importação) avança de forma consistente, o consumo não cresce na mesma intensidade e não consegue absorver a oferta, intensificando as quedas de preços ao longo da cadeia. Em agosto, o mercado de derivados seguiu tendência de baixa, com recuos nas cotações da muçarela e leite em pó e estabilidade nas do UHT negociados no atacado paulista.
O setor projeta que a desvalorização persista até o final do ano em razão do crescimento da produção, resultado tanto dos investimentos realizados até então quanto do aumento sazonal típico da primavera e do verão.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/2025)

Fonte: CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada


































