Cereais de inverno e milheto podem suprir o setor de ração animal

Cereais de inverno e milheto podem suprir o setor de ração animal

13 de agosto, 2020

Segundo a Revista Rural, a Embrapa se dispôs a trabalhar no desenvolvimento de híbridos de culturas alternativas para suprir o setor de rações. Dados da CONAB, demonstram uma relação desproporcional da área utilizada com as culturas de verão em relação às de inverno na região Sul.

“Nós usamos apenas 15% da área de produção com as culturas de inverno, se compararmos com as culturas de verão”, informou Eduardo Caierão, pesquisador da Embrapa Trigo e especialista em melhoramento genético.

Caierão explicou que existem vários cereais cultivados no inverno, mas o trigo tem o maior potencial para alimentação animal. “É também o que ocupa maior extensão de área cultivada e, por isso, capaz de suprir a demanda na eventualidade de abastecer as indústrias de ração. Contudo, também observamos uma procura recente pelo triticale, que também pode ser usado na mistura da ração para aves e suínos”, detalhou.

O pesquisador destacou que o uso de cereais de inverno é uma boa alternativa para substituir parcialmente o milho na ração animal quando o preço estiver acima dos padrões, dispensando a necessidade - inclusive - de buscar o produto em outros estados, o que acarreta aumento no seu custo final devido ao transporte.

Nas últimas décadas, a pesquisa contribuiu para o aumento da produtividade de cereais de inverno. “Passamos de uma produtividade de 700 quilos por hectare a uma média de 2,4 toneladas por hectare. E ainda temos potencial para produzir mais de seis toneladas de trigo por hectare, sem irrigação, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná”, disse o pesquisador da Embrapa Trigo.

Eduardo Caierão enfatizou que todas as cultivares de trigo podem ser utilizadas no mercado de rações, levando-se em conta a questão energética do amido. “No entanto, é preciso identificar as cultivares mais resistentes, com maior produtividade e que apresentem boa rentabilidade com menor custo de produção possível”, explicou. 

De acordo com o pesquisador, na região Centro-Oeste, sob irrigação, é possível obter rendimentos semelhantes aos da Nova Zelândia e Argentina, países com grande produção de trigo.

Milheto

A Embrapa Milho e Sorgo apresentou os resultados de pesquisa com o milheto, cereal versátil utilizado para formação de palhada em áreas de plantio direto, proteção do solo e reciclagem de nutrientes. De acordo com a UD, o milheto também é usado na alimentação humana, na África e na Índia, e sua utilização na alimentação animal começa a crescer no Brasil.

Cícero Meneses (Embrapa Milho e Sorgo) e  Jorge Ludke (Embrapa Suínos e Aves) apresentaram o potencial do uso de grãos de milheto na alimentação de suínos e aves. Um dos destaques foi o valor proteico superior ao do milho, além de maior quantidade de aminoácidos essenciais, como a lisina, fundamental para suínos. “Com relação às suas características nutricionais, o milheto é superior ao milho e ao sorgo. É um produto que tem 30% mais proteína do que o milho”, explicou Meneses.

Segundo ele, com mais pesquisas científicas, o produto poderá se consolidar como um importante alimento na cadeia de rações. “Sabemos que, quando a soja está com preço elevado, os produtores buscam o milheto para reduzir a quantidade de soja na ração. Podemos melhorar essa oferta”, disse o pesquisador.

O milheto é um cereal comum, porém ainda utilizado apenas na palhada. Seu ciclo é curto, variando de 75 a 120 dias, e já existem materiais no mercado de alta produtividade. A palhada do milheto é muito importante para a soja e o manejo de nematóides. Porém, de acordo com Meneses, existem carências de pesquisa, estudos de mercado e incentivos para a cadeia produtiva.

 

Fonte: Revista Rural

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