Pergunte a qualquer produtor de leite americano como ele se sente em relação ao mercado atualmente e ele dirá que a economia não está ajudando. Simplesmente, o preço do leite (US$ 15 por 100 libras) não é suficiente. Isso é verdade em qualquer estado, mas ganha destaque em Wisconsin. O Departamento de Agricultura, Comércio e Proteção ao Consumidor do estado (DATCP) informou que – no ano passado – a Terra do Leite* nos Estados Unidos sofreu uma perda de 455 fazendas leiteiras.

Para colocar isso em perspectiva, em 2005, Wisconsin tinha 15.100 fazendas leiteiras licenciadas, com um tamanho médio de rebanho de 82 vacas. Uma década depois, contava com 9.900 fazendas, com um rebanho médio de 129 vacas. Em 2022, o estado contava com 6.350 fazendas leiteiras com média de 200 vacas. O número total de vacas em Wisconsin manteve-se estável na última década em cerca de 1,2 milhão de vacas.

Chad Vincent, CEO da Dairy Farmers of Wisconsin, afirmou que eles trabalham em estreita colaboração com o Departamento de Agricultura e, em março de 2020, enviaram uma pesquisa perguntando por quanto tempo os produtores de leite planejavam permanecer no negócio e se eles tinham um plano de sucessão familiar. “Naquela altura, 17% de todas as explorações leiteiras do estado disseram que dentro de cinco anos não estariam mais produzindo leite”, disse Vincent, acrescentando que nenhum dos números que vê mensalmente é uma surpresa.

A pesquisa de 2020 também indicou que 22% de todas as fazendas leiteiras com menos de 100 cabeças tinham planos de sair nos próximos 5 anos. “Muito disso dependerá fortemente do preço do leite”, diz ele. “Custos, finanças, economia e todo esse tipo de coisa.”

Nos últimos três meses, o Departamento de Agricultura de Wisconsin relatou a saída de 94 produtores de leite em outubro, 94 em novembro e 87 em dezembro. “Esses dados são bastante consistentes com o que a pesquisa mostrou”, diz ele, relatando que a maioria desses números está mais voltada para produtores menores. “Isso ocorre porque há muito mais fazendas com menos de 200 vacas do que mais de 200 vacas em nosso estado.”

No início do Ano Novo, Wisconsin tinha 5.895 fazendas de leite. Vincent disse que tem conversado com o secretário Romanski e o Departamento de Agricultura sobre a realização da próxima pesquisa para obter informações mais atualizadas dos tomadores de decisão sobre laticínios.

“Não vejo uma desaceleração nos próximos três a cinco anos”, diz ele, afirmando que 65% dos principais tomadores de decisões nas fazendas tinham mais de 50 anos e 15% tinham mais de 65 anos.

“O maior problema que enfrentamos é que os fazendeiros estão se aposentando”, diz Vincent, contando que 40% dos tomadores de decisão do pesquisa de 2020 identificaram um sucessor. “E para as fazendas com menos de 100 vacas, apenas 30% em 2020 identificaram um sucessor.”

Apesar da dura realidade da perda de fazendas na Terra do Leite americana, Vincent diz que Wisconsin tem uma infraestrutura incrível e fazendas de leite fantásticas que variam de 25 vacas a milhares de vacas.

“Acho que a pecuária de leite de Wisconsin está tão forte hoje como sempre foi, embora seja triste ver a próxima geração sair”, diz ele. “Produzir leite é um trabalho árduo. É difícil encontrar mão de obra. É difícil encontrar pessoas talentosas que permaneçam e façam o trabalho duro, dia após dia, 365 dias por ano.”

“A boa notícia é que temos uma excelente infraestrutura em Wisconsin e o leite continua a ser produzido. As fábricas continuam a processar queijos de classe mundial. Nossa produção e vendas de queijos continuam aumentando. Estamos em uma posição realmente saudável como indústria”, diz ele. “É triste ver que as fazendas não têm a próxima geração ou a capacidade de resistir à tempestade para continuar, pois acredito que a diversidade de fazendas que temos neste estado é mágica e é uma das coisas realmente maravilhosas que fazem de Wisconsin a América Laticínios.

Nota:

*Originalmente, Wisconsin era um dos principais produtores de trigo do país. Mas em meados de 1800, os fazendeiros de Wisconsin foram atingidos por vários problemas, como infestações de insetos, esgotamento do solo e doenças de plantas. Os produtores de Wisconsin viram o sucesso que as fazendas leiteiras estavam tendo no estado de Nova York e decidiram transformar muitas de suas fazendas de trigo em fazendas leiteiras. Liderada pela Wisconsin Dairymen’s Association, a transformação do estado de culturas agrícolas em lacticínios foi um sucesso. Em 1915, Wisconsin produzia mais manteiga e queijo do que qualquer outro estado do país. Na década de 1930, Wisconsin foi apelidado de America’s Dairyland (a Terra do Leite dos EUA). Em 1940, o ditado tornou-se o slogan oficial do estado, e as placas dos carros de Wisconsin começaram a ostentar as palavras “America’s Dairyland”, o que ainda acontece até hoje.

Fonte: Dairy Herd Management

Traduzido e adaptado pelo Canal do Leite

Disponível em: www.dairyherd.com/news/business/truth-behind-wisconsin-losing-455-dairy-farms