Os 7 passos principais para uma silagem de milho de qualidade

Os 7 passos principais para uma silagem de milho de qualidade

10 de novembro, 2025

A produção de silagem de milho deve ser planejada de forma estratégica para garantir alimento volumoso de alta qualidade durante todo o ano no sistema de produção de leite. Quando bem conduzida, a silagem impacta diretamente o desempenho do rebanho, otimiza custos e contribui para a sustentabilidade do negócio. Confira sete passos fundamentais para garantir sucesso nesse processo.

1. Escolha do híbrido adequado 

Opte por híbridos desenvolvidos especificamente para silagem, que tenham qualidade nutricional e desempenho agronômico. No aspecto nutricional, priorize híbridos com boa digestibilidade da fibra (FDN-D), adequado teor de amido, alta digestibilidade do amido e da proteína bruta. Quanto às características agronômicas, procure materiais que apresentem alta produtividade de massa verde e boa tolerância a pragas e doenças. Não existe híbrido perfeito: escolha aquele que melhor se adapta às condições da fazenda e aos objetivos produtivos.

2. Planejamento da adubação 

Realize a análise de solo com antecedência e faça a correção da fertilidade da área, ajustando o pH e aplicando adubação balanceada (N-P-K e micronutrientes) de acordo com a expectativa de produtividade. A correção de solo com calcário é muito importante para que a planta possa aproveitar ao máximo os nutrientes disponíveis. Áreas com pH inferior a 6,0 (em água) dificilmente expressarão seu máximo potencial produtivo. Um milho bem nutrido, cultivado em solo corrigido, terá maior teor de grãos na massa ensilada, elevando o valor energético da silagem.

3. Ponto de colheita 

O momento ideal para colher é quando a planta apresenta 32 a 38% de matéria seca (MS). 

  • Com colhedoras acopladas sem processador de grãos (cracker): priorize colher entre 32 e 35% de MS. 
  • Com colhedoras automotrizes com cracker: é possível colher com 35 a 38% de MS. 

Nessa fase, a linha do leite normalmente estará entre 1/3 e 2/3 do grão. Colher fora desse intervalo prejudica compactação, fermentação e digestibilidade, impactando diretamente consumo e desempenho animal.  

4. Altura de corte 

Mantenha o corte entre 30 e 45 cm do solo. Cortes muito baixos aumentam a entrada de terra (clostrídios) e lignina (colmo basal mais fibroso), reduzindo qualidade. Cortes muito altos diminuem o rendimento por hectare. O ideal é buscar equilíbrio conforme a meta produtiva.

5. Tamanho de partícula e processamento de grãos 

Para a silagem de milho, busque partículas uniformes e grãos bem quebrados ou processados, garantindo melhor compactação e disponibilidade de amido no rúmen. Grãos inteiros não são aproveitados pelos animais, resultando em perda de energia. A metodologia padrão recomendada para avaliação do tamanho das partículas é o Separador de Partículas Penn State (Penn State Box), desenvolvido pela Pennsylvania State University. Consulte o técnico responsável por elaborar sua dieta para garantir que o tamanho de partículas da silagem de milho esteja adequado às exigências do rebanho.

6. Compactação do material 

A compactação é um dos pontos mais críticos para garantir a qualidade da silagem. Sua função principal é eliminar o máximo de oxigênio presente entre as partículas de forragem, criando um ambiente anaeróbio ideal para o desenvolvimento de bactérias lácticas benéficas, responsáveis pela fermentação adequada. 

Aspectos importantes para a compactação eficiente: 

  • Distribuição em camadas finas: o material deve ser espalhado no silo em camadas de 15 a 20 cm. Camadas muito espessas dificultam a expulsão do ar e favorecem fermentações indesejáveis; 
  • Taxa de compactação adequada: recomenda-se pelo menos 40% do peso do material colhido por hora em forma de peso de compactação. 

Exemplo: uma forrageira colhendo 20 toneladas/ hora de silagem requer um trator de pelo menos 8 toneladas compactando continuamente durante o mesmo período. 

A operação de compactação deve ser constante, sem interrupções, utilizando tratores com peso compatível e pneus adequados. Compactar bem é o que garante fermentação estável, menor perda de MS e maior valor nutricional da silagem.  

7.  Vedação e manejo de abertura do silo 

Após a compactação, a vedação imediata e adequada é essencial para manter a anaerobiose e proteger o material contra a infiltração de água e oxigênio. Se mal manejado, o silo pode apresentar perdas de até 30% do volume ensilado. 

Vedação 

  • Rapidez: cubra o silo no mesmo dia do término do enchimento. Cada hora sem vedação aumenta as perdas por respiração e atividade microbiana aeróbia; Qualidade da lona: utilize lonas de pelo menos 200 micras, preferencialmente duplas (camada preta + branca), com a parte branca voltada para fora, refletindo a radiação solar e evitando o aquecimento excessivo da camada superficial; 
  • Fixação eficiente: distribua pneus, sacos de areia ou outros materiais pesados por toda a superfície da lona, sem espaçamentos grandes entre eles. Isso evita a formação de bolsas de ar e o acúmulo de água de chuva, fatores que favorecem a proliferação de fungos e bolores; 
  • Proteção adicional: em regiões com presença de aves silvestres ou animais domésticos, proteja a lona com telas ou redes para evitar furos e contaminações.

Manejo de abertura 

  • Retirada diária: mantenha uma taxa mínima de 30 cm por dia na face do silo para evitar a penetração de oxigênio e o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis; 
  • Superfície uniforme: mantenha o painel frontal reto, sem “barrancos” ou degraus que aumentem a área de contato com o ar e gerem perdas; 
  • Higiene do painel: descarte imediatamente qualquer material visivelmente deteriorado (escurecido, com odor de mofo ou textura pegajosa), pois pode conter micotoxinas e compostos prejudiciais à saúde rebanho. Uso de inoculantes O uso de inoculantes bacterianos contribui para reduzir perdas de nutrientes tanto durante a fermentação quanto no fornecimento da silagem. Eles favorecem fermentações mais estáveis, com menor degradação proteica e energética, aumentando a eficiência alimentar, a digestibilidade e o consumo de matéria seca pelos animais. Vale lembrar: inoculantes não corrigem falhas estruturais no processo, como má compactação, vedação inadequada ou tamanho de partícula desuniforme.  

Conclusão 

A qualidade da silagem não depende de um fator isolado, mas da integração de todos os passos descritos - desde a escolha do híbrido até o manejo na abertura do silo. Cada etapa exige planejamento técnico, execução criteriosa e atenção aos detalhes. 

Uma silagem bem-feita é sinônimo de maior produção de leite, menor custo por litro e melhor retorno econômico para a propriedade. Investir em técnica é investir em resultado.

 

Autor: Matheus Mendes (Engenheiro Agrônomo pela USP)

Fonte: Revista Leite Integral

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