Importantes diferenças

Importantes diferenças

11 de dezembro, 2020

Por Heloise Duarte (CEO Ideagri) e Matheus Moreira (Coordenador Técnico Rehagro)

 

A perda de prenhez e a taxa de prenhez são valiosos indicadores que devem ser analisados separadamente para compor uma visão global da eficiência reprodutiva do rebanho.

A coluna aborda a perda de prenhez, que é um importante indicador relacionado à eficiência reprodutiva do rebanho. Colunas e artigos anteriores já abordaram a taxa de prenhez. Assim, complementar as avaliações, com análises das perdas, foi um caminho natural. A perda de prenhez não impacta diretamente na taxa de prenhez do rebanho, porém são valiosos indicadores que devem ser analisados separadamente para compor uma visão global da eficiência reprodutiva do rebanho.

No momento da concepção do IILB, ao serem selecionados os indicadores para o cálculo da nota geral, um dos aspectos cogitados para a inclusão nos parâmetros foi a perda de prenhez. Entretanto, ele não foi considerado pois, ao analisar os dados disponíveis, foi identificado que a perda de prenhez é um índice histórico e que sofre efeito importante do momento no qual ocorre o primeiro diagnóstico de gestação, o qual varia muito entre as fazendas. Além disso, a perda impacta diretamente no DEL (Dias em Lactação) médio do rebanho, que tem grande impacto econômico no sistema de produção e é considerado no cálculo da nota.

Calcular a perda de prenhez, na essência, é relativamente simples quando se tem um sistema para realizar os cálculos. Para que o cálculo seja feito corretamente, acompanha-se a gestação até o parto, contabiliza-se as perdas (por diagnósticos negativos posteriores à confirmação de prenhez, por repetição de cios ou por abortos) e desconsidera-se as matrizes que tenham morrido ou saído da fazenda prenhes, pois não é possível avaliar se elas levariam a gestação a termo. Fazer isso em planilhas pode ser bastante desafiador. Isso fica visível, por exemplo, quando os controles migram de planilhas para um sistema de gestão e a taxa de perda de prenhez real do rebanho é conhecida – geralmente, o susto é grande.

A distribuição das perdas de prenhez, por perfil racial, por categoria e geral, obtidas com base em 267 rebanhos (dos 1.002 participantes do IILB 7), podem ser observadas na Tabela 1. Os rebanhos analisados foram os que tiveram mais de 100 partos previstos de vacas no período avaliado (julho de 2019 a junho de 2020), um percentual de partos de vacas em relação a novilhas entre 60% e 80% e uma média de dias para o primeiro diagnóstico de gestação de até 70 dias. Foram, assim, considerados para esta avaliação mais de 110 mil partos prováveis, sendo 33.812 de novilhas e 76.677 de vacas.

A PERDA DE PRENHEZ EM VACAS É APROXIMADAMENTE DUAS VEZES MAIOR DO QUE EM NOVILHAS, PRATICAMENTE EM TODOS OS PERFIS E NA MÉDIA GERAL

A perda de prenhez em vacas é aproximadamente duas vezes maior do que em novilhas, praticamente em todos os perfis e na média geral. O perfil 3 apresentou uma perda de prenhez menor em vacas e maior em novilhas, em comparação aos demais perfis, mas, ainda sim, foi o perfil com menor perda de prenhez geral. Os dados dos perfis 1 e 2, tanto para novilhas quanto para vacas, foram similares.

A perda de prenhez é uma taxa que só pode ser consolidada quando todas as datas previstas para o parto forem atingidas, sendo, portanto, um indicador histórico. Todas as análises apresentadas aqui se referem a períodos consolidados, pois o principal intuito foi disponibilizar referências para consulta. No entanto, se a fazenda faz diagnósticos intermediários, é possível avaliar as perdas de prenhez nas fases mais iniciais da gestação, que é geralmente quando a maior parte das perdas ocorre. Isso permitirá atuar de forma mais tempestiva, não sendo necessário aguardar a consolidação dos cálculos para acompanhar o indicador e traçar estratégias, tornando possível evitar os impactos negativos no DEL médio futuro.

A IMPORTÂNCIA DO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO

Uma característica relevante a ser considerada na comparação das perdas de prenhez entre os rebanhos é o intervalo médio, em dias, entre a tentativa de concepção e o primeiro diagnóstico de gestação:

• Se a mesma fazenda fizer o primeiro diagnóstico mais precocemente, há uma tendência de que a perda de prenhez seja maior.

• Se, por outro lado, os diagnósticos forem feitos mais tardiamente, as perdas de prenhez tenderão a ser menores.

Isso ocorre porque, quando o diagnóstico é feito mais precocemente, diagnosticam-se prenhezes que podem ser perdidas até o próximo diagnóstico de confirmação. Assim, contabilizam-se prenhezes e perdas. Se o diagnóstico é feito mais tardiamente, os diagnósticos das matrizes que emprenharam e perderam as prenhezes não serão avaliados e, com diagnósticos negativos, serão contabilizados como insucessos na concepção.

Nos rebanhos avaliados, a média de dias para realização do diagnóstico de gestação foi de 40 dias, com alguma variação entre os perfis (Tabela 2). O efeito do momento do diagnóstico nas taxas de prenhez é bastante significativo e pode ser observado na Tabela 3.

Pelos dados apresentados, fica claro que, independentemente do perfil racial, a comparação ou a avaliação das taxas de perda de prenhez só pode ser feita com o entendimento da dinâmica de acompanhamento ginecológico das matrizes do rebanho. O efeito é mais evidente nos perfis 1 e 2, tanto para vacas como para novilhas, talvez pelo fato dos diagnósticos, para estes rebanhos, terem sido realizados mais precocemente (38 e 39 dias, respectivamente) em relação aos rebanhos do perfil 3 (43 dias).

RELAÇÃO DA PERDA DE PRENHEZ COM O DEL MÉDIO DO REBANHO

Com o intuito de realizar uma análise mais específica e avaliar o impacto da perda de prenhez no DEL médio do rebanho e sua relação com a taxa de prenhez, foram considerados os rebanhos do Perfil 2, que representam a maior parte dos 267 rebanhos totais (40,8%, ou seja 109 rebanhos), e as avaliações foram realizadas em vacas.

No Gráfico 1, é possível avaliar que, quanto maior o DEL médio do rebanho, maiores as perdas de prenhez. Por outro lado, em relação à taxa de prenhez, a tendência não é tão clara. Observa-se taxas de prenhez, nas faixas de DEL de 161 a 190, maiores ou similares à faixa de DEL até 160 dias. Isso reforça a ideia de que avaliar apenas a taxa de prenhez pode não ser um bom preditivo para o DEL médio do rebanho. Mesmo que a menor faixa de DEL médio (até 160 dias) não tenha apresentado a maior prenhez, é possível que o DEL tenha sido menor devido ao resultado combinado da prenhez com a perda.

As taxas de prenhez consideradas são relativas aos períodos nos quais as vacas tiveram suas prenhezes confirmadas.

CONCLUSÕES

É importante que a referência de perdas a ser considerada leve em conta o momento do diagnóstico no rebanho. Assim, se você busca um benchmarking de médias de perda de prenhez brasileiras, levar em conta o momento do diagnóstico é fundamental.

Mesmo com boas taxas de prenhez, se os produtores e técnicos não ficarem atentos às perdas, o impacto no desempenho do rebanho pode ser significativo, não somente pelos custos para emprenhar novamente as matrizes, mas, também, pelo aumento no tempo de permanência de matrizes vazias nos rebanhos e, principalmente, pelo aumento no DEL médio. Outros fatores podem, também, impactar no DEL médio do rebanho, tais como a persistência da lactação das matrizes e/ou questões nutricionais e sanitárias. Mas, certamente, os aspectos reprodutivos têm papel preponderante. Ou seja, fique sempre atento às duas taxas, de prenhez e de perdas, afinal, “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.”

 

Fonte: Coluna IILB Revista Leite Integral – atualizada em 08/12/2020

Disponível em: https://ideagri.com.br/posts/coluna-iilb-revista-leite-integral-importantes-diferencas

 

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