É seguro se utilizar sementes de pastagem da safra passada?

É seguro se utilizar sementes de pastagem da safra passada?

06 de março, 2021

As sementes de pastagem têm um recurso de adaptação evolutiva chamado de dormência; ou seja, elas estão vivas, mas seu processo de germinação é naturalmente atrasado. Este recurso biológico é desencadeado para garantir a perpetuação da espécie na natureza, porque permite que a semente sobreviva por um longo período e germine no momento oportuno. Algumas cultivares apresentam este fenômeno com maior frequência, como a Xaraés e Humidícola, por exemplo. Porém, ele também pode ocorrer com: Marandu, Mombaça, Piatã e outras cultivares.

Segundo Diogo Rodrigues da Silva, zootecnista da Soesp, as sementes forrageiras podem ser comercializadas após um período de espera, porém é preciso se atentar principalmente à validade do teste de viabilidade na sacaria. Este dado é mais relevante do que a data da safra da semente.

Quando adequadamente armazenada, a quebra desta dormência ocorre de maneira natural e gradativa. “Em alguns casos, esse fenômeno pode levar uma safra toda para acontecer e por isso é tão comum encontrar sementes colhidas em safras passadas, sendo comercializadas somente agora”, destaca o especialista.

É interessante sabermos que esse processo de dormência não é uma característica exclusiva das sementes novas ou velhas e pode ser desencadeado por diversos fatores. Portanto, a “safra” não é necessariamente o melhor critério para escolha de uma semente boa e devemos nos basear nos resultados de viabilidade e germinação real, assim como no prazo de validade.

A identificação da dormência

Uma vez identificada a dormência em um lote de semente, as sacarias devem ser armazenadas com temperatura em torno de 25ºC e umidade de 60%. “Se bem armazenada, a dormência da semente é rompida naturalmente com o tempo, até que ela esteja pronta para germinar. O zootecnista ressalta que é fundamental que se realize esse acompanhamento através de análises periódicas de germinação.

Segundo ele, após a quebra da dormência a semente deve ser beneficiada e incluída em um processo de tratamento. Com isto, se produz sementes de altíssima qualidade e o produtor tem maior segurança, já que é atribuída uma maior proteção às sementes, tornando-as aptas para o uso na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). No final de todo esse processo, uma nova amostra deve ser coletada para verificação de sua viabilidade e germinação. Somente após esta aprovação é que as sementes são liberadas para comercialização.

É importante ressaltar que, atualmente, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) não exige resultados de germinação para a comercialização de sementes forrageiras. Testes de pureza, viabilidade, germinação real, dentre outros, podem garantir a qualidade da semente que chega até o produtor. Por exemplo no caso de dormência - quando identificada - as sementes não devem ser imediatamente comercializadas. O lote precisa seguir para um armazenamento em condições controladas, até que a dormência seja quebrada e a semente esteja pronta para germinar.

“Não há problema algum em adquirir sementes de safras passadas. A safra não é o melhor indicativo da qualidade da semente, o mais importante é que a semente esteja com o teste de viabilidade dentro da validade. Assim como um bom vinho, ele pode ser de uma safra antiga ou nova e ter um excelente desempenho.”, finaliza o especialista.

 

Fonte: Revista Rural

Foto: Divulgação

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