As novilhas de hoje serão as vacas de amanhã

As novilhas de hoje serão as vacas de amanhã

15 de fevereiro, 2020

Aproximadamente 26% de todo o capital investido na propriedade leiteira está alocado em vacas, novilhas, bezerras em aleitamento, touros e animais de serviço. Em geral, as maneiras mais utilizadas pelos produtores para investir em animais são a compra de vacas já em produção e a cria e recria de novilhas leiteiras na propriedade.

O investimento em animais já em produção é amortizado mais rapidamente, pois, logo após o momento do desembolso, o animal inicia a geração de receita para a propriedade. No entanto, esse sistema pode ser arriscado, caso sejam adquiridos animais de genética duvidosa, com problemas reprodutivos, sanitários ou com problemas crônicos de mastite, por exemplo.

De maneira geral, a grande maioria dos produtores busca evoluir o seu rebanho com animais criados e recriados dentro da própria fazenda. Essa prática necessita de que o produtor realize investimentos contínuos durante toda a fase de crescimento da futura vaca.

Para exemplificar as despesas médias com as fases de cria e recria, analisamos os dados de um grupo de fazendas participantes do Projeto de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira (PDPL – UFV), na região de Viçosa-MG. O gráfico 1 reflete o custo total até o momento do desaleitamento, e o gráfico 2 representa o custo total da criação da novilha, até o momento do parto.

Gráfico 1 – Custo total médio de formação de uma bezerra desaleitada (R$/animal) na amostra de fazendas participantes do PDPL – UFV.

Em média, o custo total de uma bezerra até o momento de desaleitamento, com aproximadamente 82 dias de vida, foi R$ 914,25 por animal. Esse total engloba todos os custos variáveis e fixos vinculados à criação dessa bezerra. Os gastos que mais oneraram o valor da bezerra foram o aleitamento artificial e a mão de obra, que corresponderam a 41,6% e 18,9%, respectivamente. Ressaltamos que o terceiro item de maior impacto no custo de produção das bezerras foi o custo fixo, que representou 14,2% do custo total. Os custos fixos correspondem ao valor de depreciação das benfeitorias, máquinas, equipamentos vinculados à criação das bezerras, ao pró-labore do produtor e ao custo de oportunidade de todo capital investido nos itens vinculados à criação dessas bezerras, à taxa de 6% ao ano.

Gráfico 2 – Custo total médio de formação de uma novilha (R$/animal) no momento do parto, na amostra de fazendas participantes do PDPL – UFV.

Analisando agora o custo total médio da formação de uma novilha até o momento do parto, nesta amostra de fazendas, este foi R$ 4.085,32 por animal. Os elementos de despesa que mais oneraram o custo foram o concentrado (30,93% do custo total), os custos fixos (21,3%), os alimentos volumosos (12,75%) e a mão de obra contratada para o manejo do rebanho (12%).

Diante do grande investimento nestes animais, é fundamental atentarmos a nutrição, ao conforto e a sanidade dos animais nessa fase, buscando um ganho de peso ideal e, consequentemente, menor idade ao primeiro parto (IPP) e melhor eficiência na criação das futuras vacas.

Para demonstrar em números o ganho real com a maior eficiência na cria e recria de fêmeas leiteiras, estratificamos a amostra de produtores participantes do projeto PDPL – UFV em três grupos (Grupo A, Grupo B e Grupo C), de acordo com a idade ao primeiro parto (IPP) alcançada pelas novilhas em suas propriedades. Os produtores do grupo A, correspondem às fazendas que alcançaram uma IPP menor do que 28 meses. O grupo B, as que alcançaram um IPP de 28 meses a 30 meses e o Grupo C, as propriedades que obtiveram acima de 30 meses.

Analisando agora o custo total médio da formação de uma novilha até o momento do parto, nesta amostra de fazendas, este foi R$ 4.085,32 por animal. Os elementos de despesa que mais oneraram o custo foram o concentrado (30,93% do custo total), os custos fixos (21,3%), os alimentos volumosos (12,75%) e a mão de obra contratada para o manejo do rebanho (12%).

Diante do grande investimento nestes animais, é fundamental atentarmos a nutrição, ao conforto e a sanidade dos animais nessa fase, buscando um ganho de peso ideal e, consequentemente, menor idade ao primeiro parto (IPP) e melhor eficiência na criação das futuras vacas.

Para demonstrar em números o ganho real com a maior eficiência na cria e recria de fêmeas leiteiras, estratificamos a amostra de produtores participantes do projeto PDPL – UFV em três grupos (Grupo A, Grupo B e Grupo C), de acordo com a idade ao primeiro parto (IPP) alcançada pelas novilhas em suas propriedades. Os produtores do grupo A, correspondem às fazendas que alcançaram uma IPP menor do que 28 meses. O grupo B, as que alcançaram um IPP de 28 meses a 30 meses e o Grupo C, as propriedades que obtiveram acima de 30 meses.

Tabela 1 – Indicadores zootécnicos e econômicos das fazendas participantes do PDPL-UFV, conforme IPP.

Indicadores Grupo A Grupo B
Idade ao 1º parto (meses) 23,25 29,04
Custo Operacional Efetivo (R$/cab) 3.572,28 3.358,36
Custo Total Novilha (R$/cab) 4.534,78 4.079,09

 

Os produtores cujas novilhas tiveram o primeiro parto com menor idade (grupo A) apresentaram um custo operacional efetivo 22,46% maior do que as fazendas que alcançaram uma média de idade maior ao primeiro parto (grupo C). Esse comportamento se deve ao maior investimento em nutrição, sanidade e conforto para os animais, o que proporciona maior ganho de peso e, consequentemente, menor idade ao primeiro parto.

Visto isto, qual estratégia seria a mais assertiva para ser tomada pelos produtores que realizam a recria na propriedade?

Analisando friamente o custo de produção de uma novilha em cada estrato, a resposta mais coerente, aparentemente, seria possuir uma idade maior ao primeiro parto, pois no estudo esse grupo apresentou um custo menor de produção por animal.

Porém, para avaliar corretamente qual é o melhor caminho a seguir, devemos ir além, e inserir na conta todas as receitas “extras” provindas da produção de leite de um animal que iniciou a produção mais cedo, devido a menor idade ao primeiro parto, quando comparado a um animal com IPP maior.

Para isso comparamos a produção das primíparas dos grupos A e B com as do grupo C. Note que as novilhas dos produtores do grupo A entraram em trabalho de parto 233 dias antes das novilhas dos produtores do grupo C, enquanto as novilhas dos produtores do grupo B pariram 117 dias antes das novilhas das fazendas que obtiveram maior média de idade ao primeiro parto (grupo C).

Tabela 2– Indicadores técnicos e econômicos das propriedades participantes do PDPL-UFV.

Indicador Grupo A Grupo B
Volume de leite produzido no perído (L/cab) 4.735,78 2.002.,78
Margem bruto devida ao meno IPP (R$/cab) 2.060,82 871,57
Real custo da novilha (R$/cab) 2.473,96 3.207,52

 

Avaliando a produção de leite desses animais, nos períodos descritos acima, notamos que as primíparas dos produtores classificados como grupo A produziram o volume de 4.735,78 litros, enquanto as novilhas dos produtores do grupo B produziram 2.002,78 litros no mesmo período.

O custo operacional efetivo por litro de leite produzido nas fazendas analisadas, foi R$ 0,86 por litro de leite, enquanto o preço médio foi R$1,30 por litro de leite comercializado. Com isso, a margem bruta unitária do leite, foi R$ 0,44 por litro de leite produzido. Assim, a margem bruta do leite das primíparas dos produtores do grupo A foi R$ 2.060,82 por animal e do grupo B, R$ 871,57 por animal.

Amortizando a margem bruta do leite produzido pela primípara no período, no custo total da novilha, observamos que o cenário inverte e que o sistema de criação de novilhas, onde os produtores investem maior capital na cria e recria da futura vaca, é mais viável economicamente. Descontando a margem bruta provinda da lactação até o momento da primípara, o custo da novilha dos produtores do grupo A passou a ser R$ 2.473,96 por animal, do grupo B, foi R$ 3.207,52 por animal e do grupo C, R$ 3.803,10 por animal.

Como vimos, realizar maior investimento em nutrição, sanidade e conforto, nas fases de cria e recria, é essencial para alcançarmos o retorno do capital investido nas futuras vacas o quanto antes. Isto significa mais leite produzido na fazenda e mais dinheiro no bolso do produtor. Lembre-se, a novilha de hoje será sua vaca de amanhã!

 

Fonte: Portal DBO

  • Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Como a vaca Jersey evoluiu para se tornar um fenômeno global

  • Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Últimas vacas Jersey classificadas EX-96 e EX-97 nos Estados Unidos

  • Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

    Marcelo de Paula Xavier

    Editor do Canal do Leite, Administrador de Empresas e Mestre em Agronegócios

    Raça Jersey quebra a barreira das 1.000 libras de gordura nos EUA

COMPARTILHAR

CONTEÚDOS ESPECIAIS

Proluv
Top