Doenças de casco afetam bem-estar, produção de leite e até reprodução

Doenças de casco afetam bem-estar, produção de leite e até reprodução

18 de abril, 2019

Rodrigo Carvalho Bicallho, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, encerrou a programação do 8º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite com palestra sobre manejo, conforto e claudicação. Organizado pelo Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas, o evento foi realizado entre os dia 06 e 08 de novembro de 2018, em Chapecó, SC.

A claudicação, uma condição clínica frequentemente associada a diferentes distúrbios da pata, pode ter múltiplas causas. Uma das mais importantes é a laminite, relacionada a úlceras, separação de linha branca e deterioração do calcanhar. Para Bicalho, problemas de casco geralmente decorrem de causas ambientais, excesso e desgaste do casco, casqueamento incorreto ou a utilização de concreto nas instalações. “A estratégia da vaca é comer rápido, deitar e ruminar. Anatomicamente, a vaca foi feita para permanecer deitada e sua biomecânica explica todas as doenças de casco. Colocou a vaca em concreto, ela começa a ter problemas de casco”, afirma. “Doenças do casco geralmente estão associadas à falta de conforto animal”, completou.

Bicallho salienta que a claudicação é uma das questões de bem-estar mais importantes em vacas leiteiras. “É uma condição debilitante devido à dor e consequências ao bem-estar animal”, cita. A condição também gera perdas econômicas significativas. “Um estudo realizado na Inglaterra concluiu que a claudicação era a segunda doença mais cara na indústria de lácteos, atrás apenas da mastite”, afirmou.

Apesar da relevância da claudicação, pouco sabe-se sobre sua fisiopatologia. Em sua palestra, Bicalho apresentou dezenas de estudos que buscam respostas. Existe um generalizado conhecimento sobre laminite (inflamação do laminar do terceiro dígito) em equinos “que pode ter distraído os pesquisadores para o estudo do problema em bovinos”. No entanto, “o aparelho suspensor do gado é menos desenvolvido do que no cavalo e a almofada digital deve suportar uma proporção muito maior de peso corporal”. A almofada digital, explica Bicalho, é uma estrutura composta principalmente por tecido adiposo embaixo da falange distal.

Incidência maior em vacas leiteiras

Na América do Norte, estima-se que lesões desse tipo incidam sobre 23,3% do rebanho leiteiro. Uma ocorrência maior dessas doenças pode depender do sistema produtivo adotado, no entanto, sabe-se que a incidência é maior em vacas lactantes. Vacas em lactação podem estar mobilizando não apenas o tecido adiposo de outras partes do corpo, mas também da almofada digital. “A maior prevalência de úlceras de sola foi encontrada no pico da lactação”, comenta.

Mas os efeitos da laminite podem ir muito além de prejudicar a biodinâmica da vaca. Bicalho cita estudos que mostram que a claudicação pode ter um efeito negativo também sobre a fertilidade das vacas leiteiras.

Essas doenças geralmente afetam a pele e os tecidos moles do casco. Um estudo conduzido por Bicalho e apresentado na palestra sugere que as lesões são resultado de contusões no interior plantar, principalmente decorrente do uso de pisos de superfície dura e confinamento. “Consequência da menor capacidade da almofada digital para amortecer a pressão exercida pela terceira falange no tecido abaixo”.

Muitas estratégias de prevenção de doenças nas patas estão disponíveis para reduzir a prevalência de claudicação em rebanhos leiteiros, incluindo pedilúvios e casqueamento preventivo. “Além da dor e do desconforto para o animal, a claudicação está associada à diminuição da produção de leite e ao aumento nos custos”, aponta Bicalho.

 

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Link: https://opresenterural.com.br/doencas-de-casco-afetam-bem-estar-producao-de-leite-e-ate-reproducao/

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