Bebidas lácteas proteicas: tendência ou realidade consolidada?

Bebidas lácteas proteicas: tendência ou realidade consolidada?

20 de fevereiro, 2025

Nos últimos anos, a preocupação com saúde e nutrição ganhou ainda mais força, impulsionada por mudanças no comportamento do consumidor após a pandemia de Covid-19. Nesse período, houve um aumento expressivo na busca por alimentos funcionais, que oferecem benefícios adicionais à saúde, como fortalecimento do sistema imunológico e suporte nutricional para um estilo de vida mais equilibrado.

Além disso, a pandemia reforçou a necessidade de escolhas mais sustentáveis. O consumidor passou a se interessar não apenas pelo impacto dos alimentos em sua saúde, mas também pelos efeitos da produção no meio ambiente. Nesse cenário, as bebidas lácteas proteicas emergiram como uma categoria promissora, oferecendo conveniência, alto valor nutricional e, em alguns casos, uma solução para o aproveitamento de subprodutos da indústria de laticínios. Um levantamento realizado pela Centro de Inteligência do Leite (Embrapa) no aplicativo Desrotulando identificou 22 marcas de bebidas whey disponíveis no mercado brasileiro, totalizando 67 produtos com diferentes sabores e teores de proteína, que variam entre 10 g e 26 g por porção.

Para entender melhor essa transformação e analisar se esse mercado está se consolidando no Brasil, Observatório do Consumidor investiga o interesse por esses produtos na internet, além dos fatores que impulsionam essa categoria no mercado nacional. Optou-se por analisar o período a partir de 2022, quando as tendências pós-pandemia começaram a se estabilizar e o crescimento da demanda por bebidas proteicas ficou mais evidente.

Busca por bebidas lácteas no google

Para analisar as buscas no Google Trends, optou-se pelos termos "bebida láctea" e "bebida whey", mas eles não são exatamente sinônimos. As bebidas lácteas, de forma geral, são compostas por leite e outros ingredientes, podendo ter ou não alto teor proteico. Já as bebidas whey têm como principal característica a presença do soro de leite (whey protein), um ingrediente rico em proteínas de alto valor biológico, voltado principalmente para quem busca suplementação proteica.

Nos últimos três anos, tem se observado aumento das buscas na web pelos termos "bebida láctea"e "bebida whey". É interessante notar que as duas curvas caminham praticamente juntas ao longo do tempo, com ligeira vantagem para o termo "bebida whey". Em média, o interesse relativo por bebidas lácteas medido pelo Google Trends ficou em 48, enquanto o interesse relativo por bebidas whey ficou em 60. Essa é uma métrica que o Google Trends usa para medir a popularidade de um termo. No entanto, fica claro pela figura, que no final da série, ou seja, nos últimos meses, essa popularidade aumentou bastante, com a busca por bebida whey se aproximando do 100.

Esse crescimento nas buscas reflete não apenas um aumento na oferta de bebidas proteicas, mas também uma mudança no perfil do consumidor brasileiro. Com o avanço das redes sociais e do marketing digital, produtos como whey e bebidas lácteas proteicas passaram a ser amplamente divulgados por influenciadores e especialistas em nutrição, contribuindo para essa alta visibilidade. Além disso, a busca por alimentação prática e funcional tem levado à expansão dessa categoria no varejo, com novas formulações e sabores.

Outra informação interessante que o Google Trends fornece é sobre os termos mais buscados dentro desse conteúdo. Neste âmbito, destacam-se os termos whey protein, bebida láctea, iogurte e marcas comerciais que oferecem este tipo de produto, mostrando que realmente os consumidores estão têm buscado mais informações sobre os produtos disponíveis no mercado.

O mapa apresentado abaixo ilustra, em tonalidades mais claras, as localidades onde há maior frequência de buscas pelo termo "bebida whey", enquanto as áreas representadas por tonalidades mais escuras concentram mais buscas pelo termo "bebida láctea". O mapa de buscas revela que o interesse por bebidas proteicas varia conforme a região, sendo maior Rondônia e Goiás. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste (com exceção dos estados do Mato Grosso e Rio Grande do Sul), a bebida whey se destaca, o que pode estar associado ao maior poder aquisitivo e à influência de tendências globais de nutrição esportiva. Já nas regiões onde a busca por "bebida láctea" predomina, pode haver uma preferência por produtos mais tradicionais ou maior sensibilidade ao preço, já que as versões proteicas costumam ter um custo mais elevado.

Por outro lado, do total de comentários nos vídeos sobre bebidas lácteas, 15% são negativos, 34% são neutros e 51% são positivos. Desta forma, apenas uma pequena fração dos comentários apresenta um teor negativo, o que pode estar relacionado tanto ao produto quanto à qualidade do vídeo. O fato de 51% dos comentários serem positivos sugere que esses produtos são bem aceitos, mas o índice de 15% de comentários negativos indica que ainda há resistência ou dúvidas sobre sua formulação, sabor ou preço.

Postagens no Youtube sobre bebidas lácteas

Outra informação que evidencia o crescente interesse por bebidas lácteas no Brasil, é o aumento significativo dos vídeos com foco neste produto na plataforma Youtube. Entre 2022 e 2025, foram publicados 2310 vídeos com conteúdo sobre bebidas lácteas nesta rede social, que resultaram em mais de 19 milhões de curtidas, 304 mil comentários e mais de 194 milhões de visualizações. Isso representa uma média de 84 mil visualizações por vídeo. Embora esses números ainda sejam modestos em comparação a outros derivados lácteos, representam 5% do total de conteúdo sobre lácteos no Youtube.

As características mais mencionadas nos comentários relacionam-se com a embalagens dos produtos (74% das menções).

Para entender melhor as opiniões e interesse do consumidor brasileiro de bebidas lácteas, é importante analisar o teor desses comentários nos vídeos do Youtube. Neste âmbito, observa-se que há menções a alimentos in natura, como frutas (limão, banana, maçã), e a alimentos ultraprocessados como refrigerante e chocolate. Esse resultado pode indicar diversidade de usos das bebidas lácteas com diferentes acompanhamentos, ou até mesmo como ingrediente em diferentes preparações. Contudo, torna-se importante salientar a presença da palavra whey em letras maiores, o que reforça nossa tese de que há um interesse crescente neste tipo de produto no Brasil.

Os dados analisados indicam que o interesse pelos produtos proteicos lácteos está crescendo de forma contínua e consistente, especialmente entre consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O engajamento nas redes sociais e o aumento de buscas na internet reforçam que esses produtos não são apenas uma moda passageira, mas estão se firmando como uma escolha frequente na rotina alimentar dos brasileiros.

Essa tendência pode ser explicada pela busca crescente por conveniência e por alimentos com apelo nutricional. No entanto, para que essa categoria se consolide definitivamente, é essencial continuar monitorando o consumidor e trabalhando na evolução das formulações, preços e estratégias de marketing dos produtos.

O crescimento do interesse por bebidas proteicas no Brasil acompanha uma tendência observada em mercados internacionais. Nos Estados Unidos e na Europa, produtos com alto teor proteico vêm ganhando espaço nos supermercados, especialmente entre consumidores que buscam conveniência e nutrição. Esse movimento indica que, no Brasil, há potencial para uma consolidação ainda maior desse mercado.

 

Fonte: Centro do Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa)

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