A Austrália continua sendo muito eficiente na produção de leite
21 de março, 2025
A Austrália continua sendo uma pecuária de leite muito competitiva (em termos de custos) entre as principais regiões exportadoras de laticínios, apesar do aumento dos custos globais de produção de leite nos últimos cinco anos, de acordo com um relatório do Rabobank.
O relatório, intitulado "O custo do leite: dissecando os custos de produção de leite", destaca um aumento de 14% no custo médio total de produção de leite em oito principais regiões exportadoras: Argentina, Austrália, China, Irlanda, Nova Zelândia, Países Baixos, Califórnia e a região do Meio-Oeste dos EUA. Isso que equivale a um acréscimo de US$ 0,06 por litro entre 2019 e 2024, sendo que mais de 70% desse aumento ocorreu desde 2021.
A Austrália continua entre os produtores de menor custo, ficando atrás apenas da Nova Zelândia, apesar do aumento significativo dos custos com mão de obra. Além disso, o país tem consistentemente alcançado margens brutas robustas no preço do leite desde 2019, juntamente com a Nova Zelândia e os Países Baixos.
Emma Higgins – Analista Agrícola Sênior do Rabobank – observa que o aumento dos custos de produção de laticínios tem sido generalizado. “A maior parte da pressão de custos veio das despesas operacionais dentro das fazendas, em vez de custos auxiliares, como juros, impostos e depreciação.”
Higgins explica que o aumento mais recente dos custos, iniciado em 2021, foi impulsionado por uma combinação única de fatores, incluindo: interrupções na cadeia de suprimentos; custos elevados de transporte marítimo; eventos climáticos extremos; a guerra na Ucrânia; aumento dos preços da energia; e aumento dos custos de alimentação e fertilizantes. Mudanças na política monetária em resposta à inflação induzida pela Covid agravaram ainda mais esses desafios.
Emma Higgins: “Instabilidade geopolítica, incerteza econômica, variabilidade climática e potenciais declínios no comércio internacional moldarão o futuro do setor.” / Foto: Rabobank
China é o produtor de leite de maior custo
Até 2024, os custos começaram a diminuir em todas as oito regiões, trazendo as despesas de produção de volta aos níveis de 2019. “As despesas com alimentação dos animais foram o principal fator do aumento dos custos, com seus gastos médios aumentando 19% nas oito regiões desde 2019”, afirma Higgins.
No entanto, melhores rendimentos e condições climáticas favoráveis em 2024 levaram a uma redução nos custos com alimentação, enquanto os custos com fertilizantes também diminuíram devido à estabilidade no seu fornecimento. Além disso, taxas de juros mais baixas em muitas regiões estão reduzindo ainda mais a pressão financeira.
Higgins destaca que as estruturas de custos variam conforme a região. Sistemas baseados em pastagem, como os da Austrália, Nova Zelândia, Países Baixos e Irlanda, geralmente apresentam menores custos com alimentação como percentual das despesas totais. Em contraste, sistemas intensivos, como os da China e dos EUA, dependem mais de alimentação importada, tornando os custos com alimentação uma parcela maior das despesas gerais.
Os custos com mão de obra aumentaram significativamente na Austrália, subindo mais de 50% na moeda local desde 2021, o maior aumento entre as oito regiões avaliadas. Enquanto isso, Nova Zelândia, Austrália e Argentina enfrentaram as maiores pressões devido às altas taxas de juros.
Embora a China continue sendo o produtor de leite com os custos mais altos, o país melhorou sua competitividade nos últimos anos. “Os custos com alimentação representam mais de 60% das despesas totais da pecuária de leite na China, devido à grande dependência de alimentação importada. No entanto, a queda nos preços da alimentação em 2023 e 2024 – impulsionada por reduções de dois dígitos nos preços do milho e da soja – ajudou a reduzir os custos de produção”, explica Higgins.
Volatilidade de custos e preços continua
Desde 2019, Nova Zelândia, Austrália e Países Baixos têm consistentemente gerado o maior fluxo de caixa com base nas margens brutas do preço do leite (preço do leite menos custos operacionais). Essas regiões mantiveram margens positivas ao longo dos ciclos de mercado, com menor volatilidade em comparação com outras.
Higgins enfatiza que os mercados de laticínios continuarão a enfrentar volatilidade nos custos e preços. “A instabilidade geopolítica, os riscos inflacionários, a incerteza econômica, a variabilidade climática e possíveis quedas no comércio internacional irão moldar o futuro do setor.”
A China deve continuar sendo importadora de laticínios no médio prazo. No entanto, à medida que sua competitividade de custos melhora e sua oferta interna de leite cresce, os exportadores que dependem da forte demanda chinesa podem enfrentar maior volatilidade nos preços. Um preço base mais baixo na China pode impactar a arbitragem de preços de importação, aumentando a incerteza financeira para os produtores de leite que fornecem para esses exportadores.
Fonte: Dairy Global
Traduzido e adaptado pelo Canal do Leite
Disponível em: https://www.dairyglobal.net/industry-and-markets/market-trends/australia-remains-a-cost-competitive-milk-producer/?utm_source=Maileon&utm_medium=email&utm_campaign=dg_all_traffic_con_non_base-newsletter_email_oth_regulier-2025-03-20&utm_content=https%3A%2F%2Fwww.dairyglobal.net%2Findustry-and-markets%2Fmarket-trends%2Faustralia-remains-a-cost-competitive-milk-producer%2F&mlnt=d-obDA-2Tw0raZgzPC_tmCPwehr4OzVDsQYgjX4ZovMokscDNPeW0Q&mlnm=oRJZqlmsgSY&mlnl=YWA_JORZsG0&mlnc=o7beRoeU1xk&mlnch=KZ53JpNJBnyg_etFVFn_CQ&mlnmsg=m34GWobxfto7to5JeEI0SQ